Professor(a): Alessandra da Silva Alves Pessim Pereira
Aluno(a): Isadora Moura Romeros Rabelo
Título: Sonhos de Menina
Texto:
Sonhos de Menina
Morava em uma cidade pequena do interior, dotada de simplicidade e doçura. Um jardim que glamorizava qualquer um que passasse por lá e mangueiras oferecendo sombras grandiosas. Sem contar do lago, com seus graciosos pedalinhos, cenário perfeito.
As crianças brincavam na calçada de ciranda, mostrando aos meros adultos como a vida é preciosa. Os rapazes jogavam bola no campinho improvisado, as mocinhas ouviam música e conversavam com as amigas.
Minha casa humilde, com um fogão a lenha, teto de palha e um quintal com imensa variedade de árvores. Móveis rústicos, a maioria feitos pelo meu avô, que era carpinteiro. Meu pai trabalhava no roçado, longe de nossa casa e vinha somente nos finais de semana. Emprego naquele tempo era difícil. Vinha sempre montado num burrinho, cedido pelo seu patrão. Sempre que sobrava dinheiro, trazia para mim e meus irmão doces caseiros como pé-de-moleque e paçoca, meus prediletos, da vendinha mais próxima.
Mamãe era uma mulher muito trabalhadora e honesta. Trabalhávamos juntas nos afazeres domésticos. Socávamos arroz e fazíamos fubá no grande pilão de madeira que ficava na varanda. Adorava ir à missa, aos sábados e na sexta, à tardinha, levava comunhão aos doentes.
Meus dois irmãos eram mais velhos que eu, que era a caçula. Trabalhavam na lavoura de café, que víamos do alto da janela do meu quarto. Chegavam ao entardecer do dia, sujos e cansados, mas sempre arranjavam tempo para nos divertirmos. Dávamos boas risadas.
O que mais sinto saudade, de minha doce infância, eram as manhãs de domingo. Acordava com o cheiro do café invadindo meu quarto e com o relinchar agudo do burrinho, avisando a todos que a família estava unida novamente. Levantava rapidamente e quando via papai, pulava alegre no seu colo. Às vezes, via lágrimas escorrendo dos teus olhos e com minha grande generosidade e inocência, ia ao seu encontro saber o motivo.
Hoje, sinto saudades daqueles tempos vividos, que fazem parte de minha memória. Abriram-se espaços para tecnologia e fecharam a porta do meu castelo de encantos de menina.
A praça, as crianças, os rapazes, o burrinho, a lavoura de café, minha família unida, meus sonhos... foram varridos, arrastados, demolidos, levados em nome do progresso.
E eu ali, vendo tudo, sem poder mudar nada. Mas, ainda brota dentro de mim, como água da mais pura fonte, um sonho utópico de tudo voltar ao normal, ocorrendo com o maior comedimento.
Hoje é só saudade...
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